Fotografia noturna: como fazer fotos do céu estrelado
Mesmo quem não entende lá muita coisa das estrelas tem que concordar que fotos do céu estrelado podem ficar muito bonitas.
Eu comecei a me interessar pelo assunto recentemente. Visitei a Islândia, um dos lugares com o céu mais lindo do planeta, e comecei também a fazer viagens para caçar a Aurora Boreal, o que me fez aprender a apreciar o céu de outra forma – e a olhar mais frequentemente para o alto! Também estou tentando aprender um pouco mais sobre navegação astronômica e, papo vai papo vem, tudo isso me levou a procurar dicas para fotografar melhor o céu noturno.
Conto aqui alguns dos segredos que encontrei para fazer fotos sem equipamento especializado para quem, assim como eu, quer começar a explorar o universo usando a fotografia.
Para botar essas dicas em prática é importante ter uma câmera com modos manuais, como uma DSLR. É importante também saber o básico da fotografia. Se você não sabe, leia a apostila Aprenda a fotografar em 7 lições :-)
O que precisamos para boas fotos de estrelas?
A primeira coisa que você vai precisar é de muita escuridão! Infelizmente nossas cidades causam uma enorme poluição luminosa, e é difícil ver e fotografar o céu nessas condições. Nossa sorte é que nosso país possui muitas áreas menos iluminadas, onde é possível ver mais estrelas. Visite este site e veja no mapa um local com pouca poluição luminosa próximo de onde você mora. A lua também emite muita luz, então procure planejar suas fotos para uma época de lua nova.
As estrelas estão beeeem longe, então é necessário usar uma exposição longa para conseguir captar a luz que elas emitem. Às vezes usamos 30 segundos ou mais. É essencial, então, usar um tripé que consiga manter sua câmera firme e forte durante esse tempo todo! Um bom tripé é o equipamento mais importante para este tipo de foto.
Indico também as lentes grande-angulares. Com elas conseguimos captar bastante da imensidão do céu e também a paisagem, deixando a foto mais interessante. Para facilitar a sua vida, é bom também usar um disparador remoto, que permite fazer a foto sem tocar na câmera (evitando tremores) e selecionar facilmente o tempo de exposição preferido. Atualmente, uso um disparador remoto que se conecta no meu celular, o Triggertrap. É mais fácil de usar que os disparadores comuns, pois usa a interface do próprio celular com um app bacaninha.
Dica: se for usar o celular como disparador remoto ou mesmo para conseguir ver melhor no escuro, tente diminuir o brilho da tela para o mínimo possível. Assim você não ofusca sua visão na escuridão. Se você estiver junto com outras pessoas, isso também evita de estragar a foto delas!
O último item necessário é paciência. As nuvens são bem vindas durante o dia, mas são as maiores inimigas das fotos de estrelas! É essencial ter calma e esperar elas passarem. Muita gente gosta de fazer esse tipo de foto durante acampamentos, pois além de conseguir pernoitar em lugares sem poluição luminosa, dá pra ficar a noite inteira olhando o céu e esperando a situação ideal. Se for impossível se livrar das nuvens, junte-se a elas, e tente incluí-las na composição.
Quer ter uma ideia do que você está fotografando? Dá pra usar aplicativos no celular que, usando realidade aumentada, te mostram o sol, a lua, os nomes das estrelas e constelações, e mesmo a via láctea. Eu uso o app grátisStar Chart (tem pra android e ios). Ele dá umas travadas de vez em quando, mas é grátis. Existem outros melhores que são pagos. :-)
Para facilitar, lá vai um resuminho:
Quando? Durante a lua nova.
Onde? Em um lugar bem escuro e sem poluição luminosa.
Qual equipamento? Um tripé bem firme é essencial. Uma lente grande angular e um disparador remoto são muito úteis.
Onde? Em um lugar bem escuro e sem poluição luminosa.
Qual equipamento? Um tripé bem firme é essencial. Uma lente grande angular e um disparador remoto são muito úteis.
Passo a passo
Ok, agora que você já escolheu um lugar bem escuro e está com o tripé pronto apontando para o céu. Vish, como ver a composição? Como focar? Como fotometrar?
Você vai perceber que no escuro é bem difícil ver o que você está fotografando! Nessa hora, vale a tentativa e erro. Não se importando muito com as configurações exatas, aponte para onde quer fotografar olhando pelo visor (não pelo LCD, que fica num breu total) e faça algumas fotos de teste, para descobrir a melhor composição.
Depois disso, chega a hora de fazer o foco. O mais prático é deixar no modo manual, sempre checando o resultado a cada foto. Às vezes esbarramos na lente sem querer, ao mudar a câmera de lugar, e o foco vai pro espaço (desculpe o trocadilho!)
A maioria das lentes possui uma marcação que permite selecionar o foco infinito. É este que você vai escolher (use uma lanterna ou celular para ver a marcação no escuro.) Se a sua lente não possui essa marcação, crie uma. Durante o dia, use o foco automático para focar em um lugar bem longe, e use fita adesiva para marcar ou prender o anel de foco da lente.
A fotometria é fácil: use a máxima abertura que a sua lente permitir e o máximo de ISO que você tem coragem(de acordo com o nível de ruído que sua câmera cria). O tempo de exposição deve ser longo o suficiente (quanto mais longo, mais sua câmera vai conseguir registrar as estrelas mais fraquinhas.) Será necessário fazer testes: comece com 30 segundos e altere conforme o resultado.
Mas tome cuidado: ao usar um tempo de exposição muito longo a câmera começará a registrar o movimento de rotação da terra, fazendo com que as estrelas façam riscos no céu. Esse efeito – chamado de star trail – pode ser muito legal, mas nem sempre é o que você quer. Para saber o máximo de tempo que você pode usar sem que as estrelas comecem a se mover na foto, divida 500 pela distância focal da lente. Se estou usando uma lente 10mm, por exemplo, poderei usar até 50 segundos sem que as estrelas criem um rastro.
Veja abaixo um exemplo de duas fotos que fiz na mesma situação e com as mesmas configurações, só trocando a lente:
Se você está usando uma câmera com fator de corte, use a distância focal aparente no cálculo. Uma lente 10mm usada numa câmera com fator de corte de 1.6 vai ter uma distância focal de 16mm. 500 / 16 = 31. Posso usar, neste caso, no máximo 31 segundos.
Aurora Boreal
Algumas dessas dicas são parecidas com aquelas que já escrevi no post sobre como fotografar a Aurora Boreal. Se você se interessou pelas fotos noturnas e pelas fotos da Aurora, talvez goste de saber que abri o terceiro e último grupo para minha viagem fotográfica de caça à Aurora, em março/14!
Eram somente dois grupos, mas como a procura foi grande conseguimos organizar um terceiro. Não deixe pra depois, hein? É o último mesmo! Se você tem interesse, clique aqui e saiba mais. Até o fim deste mês dá pra parcelar em mais vezes.
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